sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A retrosaria... e o próximo bordado richelieu

Não trouxe para os Açores as minhas linhas para fazer mais um pano de bordado richelieu.
 Esqueci-me! 
Mas aqui também há linhas e o linho já eu tinha decidido comprar cá. Fui à retrosaria da Matriz, conhecida há imensos anos, onde costumo comprar coisas que não encontro em Coimbra e encontrei tudo ao desbarato, não foi bem desbarato: por uma peça que comprássemos davam-nos outra gratuita. Não sabia disso, mas acabei por aproveitar a excelente promoção e trouxe o que precisava… em duplicado! Mas o motivo desta promoção também me entristeceu: vai fechar! Entristeceu-me porque sempre encontrei lá tudo o que precisava para os meus lavores. O nome é Retrosaria da Matriz, mesmo no largo da igreja que lhe sugeriu o nome, perto das portas da cidade. Antigamente atendiam-nos uns senhores, íamos à loja do Silva Pipi! Depois, cá em casa, chamávamos-lhe a loja das meninas tristes, porque as funcionárias, de início jovens, tristes, vestindo batas pretas, foram envelhecendo naturalmente e, com a idade, foram ficando cada vez mais lentas, mantendo o ar triste, arrastando os pesados pés a cada pedido que lhes fazíamos. Agora as meninas são muito atenciosas, sempre prontas a satisfazer os nossos pedidos, 
mostrando um sorriso muito agradável.
Tenho pena que isto vá acontecer. O que irá para ali? Uma tenda de fast food? O que irão fazer aos preciosos armários com portas de vidro que forram todas as paredes? O que irá acontecer às funcionárias tão eficientes? Não sei! Fiquei desapontada… mesmo triste! Se eu morasse cá comprava metade do que vi naquela loja… com lãs, linhas, linhos, fitas, botões, galões, rendas, agulhas, panos, toalhas, roupa interior… eu sei lá que mais!!!
E comprei linho, linhas, tesoura, agulhas...
 apesar de ter aqui uma caixinha de costura com agulhas de tricô, croché e o dedal, além de mais uns coisinhas que eram da minha mãe e me tinham sido já oferecidas, quando foi perdendo a visão.
Vou fazer mais um pano de bordado de richelieu.






E finalizo com outra coisa que me deixou uma saudade: a casa onde eu nasci e vivi até aos 7 anos está assim:
Mas fico contente porque irão manter a mesma fachada!
NOTA: nasci aqui, mas a casa não é minha! Estava em ruínas e não sou eu que a estou a reconstruir! 

O que acontece com as pessoas com muitos anos de vida é isto que aqui hoje relato: veem as coisas antigas ser substituídas por outras modernas, que, provavelmente, não irão durar tanto como as centenárias. Também não faz mal… essas pessoas já não estarão cá para ver!!!
Não se esqueçam de visitar o meu outro espaço:
Já lá está o voo do Porto até Ponta Delgada.
Deem-me essa alegria... que agradeço antecipadamente!
UM ABRAÇO

15 comentários:

  1. É uma pena ver comercios tradicionais e antigos fechar. Por vezes sao lugares cheios de historia. A D. Teresinha comprava essa retrosaria, mudava-se para Sao Miguel e ainda ensinava na loja os seus preciosos conhecimentos nos lavoures. Trazia tambem o seu piano e presenteava a clientela com belas melodias. Aposto que ia ter sucesso. Ficava longe dos filhos e dos netos, é certo, mas agora com os voos low-cost nao seria um grande impedimento! E mantinha as empregadas simpaticas para segurar o barco na sua ausencia! Parece-lhe bem?! Brincando, brincando falo muito serio! Beijinhos

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  2. Teresinha, tenho imensa pena quando tal acontece.
    Aqui em Tavira, uma cidadezinha encantadora, construiram um mostrengo dum shopping que, inevitavelmente, acabará por matar o comércio local. Acho que é uma atitute totalmente labrega!
    Acabrá por passar, quando os shoppings começarem a falir,como já começa a verificar-se.
    Tem um bom fim de semana.
    Oxalá o tempo por aí melhore.
    Beijo da Nina

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  3. É a triste realidade...
    Teresinha, quando puder envie-me o seu email para dorabarros.cartaxo@gmail.com
    se faz favor, para eu lhe enviar algumas fotos da minha princesa mais nova :-)
    Bjs e bom fim de semana!

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  4. É uma pena o estado da casa onde a minha amiga nasceu mas reflecte o estado do país em que vivemos.
    Ficamos à espera das fotos do trabalho concluído.
    Um abraço e bom fim de semana.

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  5. Teresinha
    O seu post emocionou-me.... As lojas de referência da minha infância e juventude já fecharam , e nesta fase já fecharam também as lojas referencia da minha idade adulta..
    Abriram lojas orientais cheias de mercadorias, demasiadas mercadorias...
    Grande parte das linhas, lãs, agulhas e tesouras, linhos e tecidos que hoje enchem as minhas gavetas provêm da liquidação de algumas dessas lojas... Hoje, já com poucas forças, alguns problemas de saúde e falta de imaginação, faço os impossíveis para "gastar" os materiais que acumulei nestes últimos anos...Felizmente tenho ainda algumas fontes de inspiração (entre as quais se contam o seu blog) para me entusiasmar com novos trabalhos que lá vão acabando com este excesso de materiais e ao mesmo tempo, dando algum prazer aos que me rodeiam...Obrigada por isso!
    Beijinho
    maria


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  6. Uma viagem no tem, tal assim vi...
    Mantendo a fachada robusta da mae pedra, temperada por dentro por fios de algodao daquela loja de mulheres ensimesmadas mas dadas, carregando estorias caladas de ilheus afoitos.
    Gentes rudes de natureza e grande coracao de manteiga.
    Como invejo as suas origens misturadas com as minhas que conheco, dessas que desconheco, mas respeito.

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  7. Olá Teresinha: fiquei bastante triste com o encerramento da loja "Silva Pipi", um marco no comércio da nossa cidade. Lá encontrávamos de tudo um pouco. Infelizmente e embora avisada por uma amiga do fecho iminente desta "relíquia", já não fui a tempo e assim perdi uma oportunidade de comprar artigos bons e em promoção.
    Também tenho pena se substituirem os belos armários antigos por modernices que fecham passado pouco tempo. Podiam aproveitar o espaço, tal como aconteceu na Rua António José de Almeida. Já viu a casa de chá? Está muito bonita e souberam manter o antigo.
    Bjn
    Márcia

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  8. Je suis curieuse de voir la maison de votre enfance après les travaux.Merci de votre commentaire sur mon blog et en français bonne nuit bisous Marie-Claire

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  9. Olá Teresinha

    Mais uma casa antiga que vai fechar. Faz tanta tristeza.
    Ainda bem que vão manter a fachada, aqui em Lisboa fizeram tantas atrocidades, edifícios maravilhosos, substituídos por castelos de vidro.
    Como não pudeste evitar o fecho da retrosaria, aproveitaste as promoções e já devem estar a fervilhar 1001 ideias nessa cabecinha.
    Beijinhos
    Helena

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  10. Amiga...fico sempre com muita pena quando vejo o comércio local a desaparecer! Eram locais onde nos sentíamos em casa!
    Fez bem aproveitar e fico à espera das novidades!
    Recuperar essa casa...aproveitando a fachada...é uma excelente ideia!
    Bj amigo

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  11. A vida e as suas constantes mudanças.
    Hoje tudo se compra feito e já ninguém borda nem faz nada à mão...tudo isso e a crise acabam com o tradicional.

    Adorei as tuas fotos.

    Beijinhos.

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  12. Oi Teresinha, ainda no meu último post falei a respeito das lojas fechadas em Lisboa. Deu-me tristeza ver, mas isso não se passa somente em Portugal. O mundo está passando por uma grande mudança, só não sei se para melhor. No que tange a humanidade acho que piorou um pouquinho. Aqui além de uma crise financeira estamos passando por uma grave crise moral por conta das atitudes impensadas de um governo corrupto, o que agrava ainda mais a crise financeira que agrava todo o resto e a bola de neve só aumenta atropelando a todos. As lojas de aviamentos, ou retrosarias, estão se acabando em todos os lugares. Diminuíram a pessoas a fazer artesanatos e poucos mandam confeccionar as roupas. Agora já é tudo pronto, tudo igual, tudo made in china. Assim caminha a humanidade, espero que não em direção ao precipício. Hoje estou particularmente desanimada, mas passa. Bjs e bons bordados
    Joana

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  13. Oi querida mal posso esperar para ver os trabalhos finalizados, adorei a foto da casa, e vc tem razão não faz mal, porque claro ninguém é para semente e ninguém durara a vida toda para ver toda a transformação! bjucas

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  14. É uma pena que vá fechar... por aqui também é bem dificil uma loja de aviamentos sobreviver... ainda bem que vc fez um bom estoque.

    bjinhos

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  15. As casas também morrem! Em Novembro vamos brindar, vou combinar com a minha prima Graça.
    Bj

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